21 de novembro de 2015

Nêga

O racismo me calou durante anos,
Limitou todos os meus planos,
Não deixou ver minha beleza,
Não me permitiu ser médica ou doutora,
Modelo ou professora,
Só por ter a pele negra.

Toda essa dor me trouxe resistência,
Serviu de experiência para chegar onde estou.
Pela Lei, somos todos iguais,
Calei a boca daquele velho ditador.

É que eu nasci com cabelo cacheado
Uns preferem alisado
Mas eu gosto assim
Não me incomodo que me chamem de nêga
Porque a minha pele é preta
Eu não tenho vergonha de mim

Sentimos orgulho quando ganhamos algo,
Quando somos graduados, conquistamos uma mulher.
Eu sinto orgulho da minha fé, da minha vida,
De ser uma fera ferida que ainda está de pé.

Você tem dentro de você a força pra mudar o mundo,
Não permita que te digam o que fazer.
Seus sonhos é o que tem de mais profundo,
Lute pela sua alma, sua cor, pelo seu ser.

Apesar de todo esse preconceito,
Não troco o meu reggae ou a minha religião,
Busco para minha vida o que mereço,
E o que vem é de verdade, vem do coração.

Por: Geisa Bomfim

Que Mundo é Esse?

"Um dia eu ainda vou viver todos os sonhos que eu idealizo nas minhas singelas noites em claro – sussurrou ela. Melancólica, um pouco neurótica e pessimista. Ela se queixava da vida, mas sabia que no fundo, não tinha coisa melhor do que viver. E viver tudo aquilo que cismava em invadir os seus pensamentos em dias nublados, fazendo com que, ela sonhasse de olhos abertos. Mas, era sonhando que ela vivia. Pensativa, ela buscava um refúgio em um canto qualquer, algo que pudesse acalentar seu coração, que tinha o vício em espalhar sentimentos por onde passava como panfletos entregues nas ruas da cidade. Talvez, ou quem sabe uma das maiores certezas, era que o problema do choro abafado no final do dia, dos olhos inchados e do coração calejado seja a intensidade – ela disse baixinho, quase como um suspiro. Costumava se rotular como uma pessoa cheia de vazio, que chegava a transbordar. Lá fora chovia, mas o temporal costumava ser dentro dela, como uma tempestade cheia de raios. Ela tinha a leveza de uma flor, mas no interior possuía uma granada que poderia explodir a qualquer momento. Dentro dela existiam vontades que eram capazes de sair saltitando, e ir à busca de se realizar imediatamente cada uma delas, desde as mais mesquinhas, até as mais complexas de acontecer. Carregar o peso dos outros nas costas tinha se tornado um fardo que ela não queria mais segurar, já bastava ter que levar constantemente toda aquela solidão aninhada dentro de si mesma, ela ainda tinha que possuir a qualidade que acabou se tornando um defeito por não saber dosar a forma como ela consegue se importar com tudo ao seu redor. E mesmo assim, ela conseguia abraçar a solidão com ternura e fazia a sua própria companhia naquelas noites frias. Conviver com ela mesma já era uma prova de resistência, habilidade e paciência, pois sabia que colocar profundidade, nem que fosse uma gota no oceano, conseguia fazer um imenso estrago. Daqueles que pode devastar tudo em apenas segundos. Mas, se ao menos existisse um lugar seguro para ela se abrigar quando o mundo resolvesse decepcioná-la seria o suficiente para a solidão se dissolver aos poucos como um comprimido em um copo d’água. Devaneios como esse eram desejos escondidos que, vez ou outra vinha à tona em sua mente tão confusa e distorcida pelo caos que habitava nos pensamentos que chegavam em tardes vazias e ensolaradas. Falava aos quatro ventos da sua necessidade, quase uma urgência, de querer ter um lugar preferido no mundo, ou quem sabe, ser o mundo de alguém." 
Por- Nathalia Velozo

14 de novembro de 2015

Não Há Justificativa

Sou estuprada com os olhos todos os dias. Não precisa tocar. Fogos irradiam em um olhar que parece enxergar através de qualquer roupa. Mentes trabalham 360 vezes por segundo afim de captar o máximo do meu corpo e imaginar com ele todas as piores sacanagens que quiserem. E quando as palavras resolver sair de suas bocas, nojo e desprezo são sentimentos pulsantes em minhas veias. Eu nada posso fazer. 
Estava no caminho do colégio e em frente aquela obra, homens de todas as idades aguardavam com lábios molhados o momento que passaria por eles. Eu queria sair dali! Mas onde comprar um modo invisível para não ser vista, não ser chamada? Do "Princesa" ao "Gostosa", não importa o que digam, eu não quero ouvir!!! 
"Nervosinha, não gosta de receber elogio", "As mulheres deveriam gostar de serem paqueradas". Para, que justificativa é essa?! Isso não me conforta, isso não me agrada. Pelo contrário, tenho medo, tenho repulsa, é assédio! De calça jeans e moletom ou de short acima do joelho, é o mesmo corpo, eu sou a única dona dele e não preciso dos seus comentários para julgá-lo como bom ou ruim. Será que estou errada por defender a minha propriedade? Estou errada em recusar esse interesse exclusivamente carnal? Se a resposta for sim, sinto lhe decepcionar, mas eu sou minha, e não de quem quiser me assediar.
Por: Geisa Bomfim

‪#‎PrayForWorld‬

"Ao menos 128 pessoas foram mortas na série de ataques em Paris na noite desta sexta-feira (13)".
"Mais um corpo é encontrado em Minas Gerais; 7 já foram identificados". "Novos focos de incêndio surgiram na tarde da última quinta-feira (12), na Chapada Diamantina".

Ataques vêm acontecendo contra a humanidade entre todos os povos, o mundo clama por socorro e ninguém ouve! Pra onde foi a nossa paz? Como o ser humano pode ser tão cruel a ponto de destruir o seu próprio meio todos os dias, incansavelmente? Como pode ser tão desprezível e fazer mal a centenas de pessoas, sem piedade? Por fim, deixo a pergunta mais dolorosa: O que podemos fazer? Será que um dia, haverá paz em todo o mundo ?
Estamos vivendo em um caos e a oração é o nosso melhor antídoto. Oremos pelo mundo, para que o amor possa nascer outra vez e vencer a guerra, o perdão possa ser reconhecido e válido, as nações encontrem harmonia e busquem o verdadeiro sentido da vida. Que Deus toque o coração desses humanos não humanizados, retirando o ódio, o fanatismo politico e religioso dos povos. Oremos pelos falecidos, pelas famílias, pelo mundo e principalmente, pelo amor e paz que se perderam.


Por: Geisa Bomfim

9 de novembro de 2015

Só Você

Vê se aparece amor, chega de fininho, me trata como uma simples amiga e apaga a chama que existe aqui dentro. Com palavras de carinho e conselho vai curando todas as feridas que ficaram em aberto desde quando você se foi, sem perceber. Joga fora todos os CDs de músicas tristes que encontrar pelo caminho, só hoje juro não me arrepender ou chorar por nenhum deles. Convida-me para sair, conversar em uma esquina trocando ideias sobre como a vida pode ser tranquila e irrelevante, vamos ver o sol nascer como um círculo quadrado iluminando o farol.
Vê se aparece amor, me abraça por trás fazendo sentir todas as maravilhas esculpidas no teu corpo, me segura com seus braços fortes, onde sinto estar no melhor e mais seguro lugar do mundo. Me surpreenda com aquele sorriso de felicidade ao sentir o cheiro do perfume que você agora. Segura a minha mão, pois hoje não preciso tocar nos teus lábios ou ouvir um “Eu te amo”, só segure a minha mão, para que eu saiba que ainda está aqui.

Vê se aparece amor, leva embora todas essas lembranças da solidão e me faz sentir inteira outra vez. Já não aguento juntar os pedaços que sobraram dos meus sentimentos e alimentar um vazio que só tem fome de você.
Por: Geisa Bomfim
A Garota do Blog ♥

(Escreva Alguma Coisa Aqui)

Pela minha lei vamos ver um filme, observar crianças brincando com o Papai Noel da pracinha, pedir dois sorvetes de um sabor que ninguém conheça, e colocar a casquinha na cabeça para fingir ser um unicórnio. Vamos rir de uma forma tão boba como nunca fizemos antes, nossas mãos dadas me farão dizer que sempre amei unicórnios e você será o meu primeiro. Inclusive sou a favor de registrarmos o momento naquelas cabines que tiram várias fotos, eu não saberia se te olhava, sorria ou saboreava meu sorvete de abacaxi, acrescentei uma quarta opção e te ofereci um beijo molhado com sabor de kiwi.
Após uma sessão de pipocas jogadas nas pessoas do cinema, corremos dele para a praça central, onde um casal de velhinhos chamou nossa atenção, a dentadura dela caiu na calçada e foi arrastada por um cão. Oferecemos ajuda, mas eu só tinha um aparelho e três reais no bolso, compramos um algodão doce para ela a fim de vê-la sorrir sem desgosto, mesmo sem dentes, pude ver a mais sincera felicidade estampada ali.
Foi quando ela nos ofereceu a bicicleta do sobrinho falecido, aceitei sem querer só para ir até a praia, onde quase nos afogamos na água do mar, quem sabe poderíamos conhecer a Fenda do Biquíni, hambúrguer teria lá, e eu estava mesmo com fome. Então mergulhamos nesse oceano de ondas cristalinas, selamos mais um beijo, dessa vez com gosto de cereja.  De certa forma isso me fez sorrir outra vez, pois saberia que a partir daquele dia, era sua única princesa. 
Por: Geisa Bomfim
A Garota do Blog ♥

Como sair do lugar?

São tempos difíceis para os sonhadores, o sol é cinza e o mar é esgoto. Já não cabem sorrisos em um rosto que sente o peso das lágrimas ao levantar de cada novo dia. Não existem planos em uma mente que está cansada de cair diante de um mundo que deseja vê-la no chão. Não são projetadas metas para um futuro, pois já não sabemos se ele virá.
São tempos difíceis para os apaixonados, o amor cansou de tanta poluição e foi buscar outro ar, outro mar. É provável que ele tenha saído da troposfera, as atitudes humanas o expulsaram, ao cobrar um oceano de sentimentos mesmo se recusando a perder a costa de vista. Pra quem encontrou seu porto seguro em outra ilha, cuidado com seu barco, pois nunca se sabe a hora de retornar.

São tempos difíceis para viver... As dores não passam despercebidas e umedecem nossos olhos. Abrimos várias portas, deixamos abertas as janelas, mas a felicidade não bateu em nenhuma delas. O sucesso e o fracasso são extremos em uma corda bamba na qual me encontro ao meio, e eu nunca soube praticar Slackline. Como sair do lugar?
Por: Geisa Bomfim
A Garota do Blog ♥