Cambalhotas

As vezes sinto vontade de pular, como se ninguém estivesse olhando, como se não causasse um impacto sobre o chão. Pular, alcançar voo, subir pelas nuvens e descobrir novos rumos, sentir novos ventos nos pulmões, respirar de um modo diferente, com toda a força existente. De repente posso até descobrir um rio perdido que me leve para Nárnia, ou pegar um táxi com três irmãs que me deixem no Acampamento Meio Sangue, poderia sair no Halloween e pedir para alguma bruxa me deixar em Hogwarts, ou quem sabe cortar caminho por campos e florestas chegando até Illéa, participar de uma Seleção. Eu só quero sair deste lugar, não consigo por outro tempo.
Eu cansei das folhas verdes, cansei das palavras ditas pela metade, cansei dos murmúrios que ouço, cansei dos mesmos livros velhos, dos mesmos gafanhotos cegos. Eu preciso de mais, preciso sair para ver o sol nascer, preciso curtir em uma noite de sábado entre amigas, preciso dormir na casa delas e falar sobre moda e maquiagem, sobre garotos e romances literários, preciso experimentar de tudo um pouco, convidar você para dançar um samba na chuva, para se molhar na piscina, para se jogar de cambalhotas em uma cama elástica. Meu tempo está passando. O que ficou? O que aproveitei? Se acabar amanhã, estarei feliz, estarei completa, estarei bem?
Bem sozinha. Bem ignorada. Bem insignificante. Bem segunda opção. Bem esquecida. Bem louca. Bem estranha. Bem... chateada, apenas. Sim, estou bem.

 Por: Geisa Bomfim

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