Depois de Amanhã

Acho que escritores vivem a vida de forma dobrada, olhando cada passo com um ar poético que não precisa ser metafórico, emociona principalmente sendo real demais. Uma simples mágoa pode se transformar em uma grande decepção. Um aconchego pode virar um grande amor em um texto qualquer.
A arte de transformar sentimentos em palavras faz com que todas as emoções ganhem certa extremidade, buscando novas formas de abordar cada uma delas, novas palavras com mil e dois significados ganham mais mil e quatro sensações a serem descritas em uma folha de papel em branco ou um bloco de notas qualquer.
Escritores, compositores e qualquer pessoa que fale sobre si, viajam em um mundo desconhecido por qualquer outro ser, viaja pelo seu coração, pelos seus orgulhos cicatrizados, suas batalhas não traçadas, seus interiores cheios de mágoas. Tudo que até então não podia ser tocado, visitado e lembrado, ganha um espaço em um blog da internet, em uma aula de sociologia, ou em uma música que será tocada na rádio da cidade. Seus sentimentos, escritos por aqueles versos simples que serviram para colocá-los para fora, desabafá-los com alguém, são explanados e contagiam outras e outras pessoas que possuíram as mesmas dores, os mesmos amores.
Gostaria de olhar para as decepções e ver apenas o aprendizado, olhar para as mágoas e visualizar apenas o amanhã levando-as embora. Mas é o hoje que incomoda, é o agora que me faz escrever, são as lágrimas que se transformam em palavras e são postas para qualquer um que quiser recolhê-las. Não precisa ser pessimista para sentir que tudo isso dói, porém depois de amanhã eu já volto a sorrir, pois realmente não quero me ver entristecer.

 Por: Geisa Bomfim

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